por Bruna Tessuto
É bastante discutido literariamente se, ao escrever um diálogo, a escrita deve reproduzir o jeito "errado" como falamos ou se deve seguir a norma mais padrão. Os próprios autores e editores pensam de forma diferente. Jane Tutikian (foto), por exemplo, defende que, se achamos o tom do personagem, não precisamos trazer o "erro" para reproduzir a fala. Marcelo Spalding (foto) e Rodrigo Rosp (foto) apostam no contrário: defendem que é justamente o "erro" que traz verossimilhança ao diálogo.
Nelson Rodrigues, conforme conta Marçal Aquino, dizia que o escritor deve "tomar mais cafezinho". Ou seja, sentar em uma cafeteria e ficar ali ouvindo as pessoas ao redor conversarem. A escuta atenta ao modo como as pessoas falam cotidianamente é que daria ao escritor ferramentas para produzir um diálogo mais "escutável", mais convincente, aquele em que temos a sensação de que estamos realmente ouvindo os personagens falarem. Segundo Marçal Aquino, é interessante que essa escuta enquanto estudo seja feita sem que as pessoas percebam que estão sendo ouvidas, para assim termos acesso ao "material" de forma mais natural. O autor comenta que, nas décadas passadas, costumava ficar ouvindo conversa alheia na linha cruzada de telefone. Tudo isso para acessar a fala de forma mais espontânea, natural, e assim ter mais ferramentas na elaboração dos diálogos.
DICAS PARA ESCREVER DIÁLOGOS
Bruna Tessuto formou-se em Teatro pela UFRGS e é graduanda em Letras pela mesma universidade. Atua como editora e promove mentorias em parceria com a Metamorfose, onde também coordena grupos de leitura e escrita e atua como professora no Curso de Formação de Escritores, do qual é egresssa. Lançou os livros "Os bastidores de Emma" (2018), "Pela voz delas" (2022), livro em que ficcionalizou depoimentos de mulheres reais, e "Até que o divórcio vos reúna" (2024), todos com ficcionalização de histórias reais. Desde 2020 interpreta a fantasma Dulce Miranda nas Visitas Guiadas do Theatro São Pedro
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