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Queen Maker (título em original, impossível acessar em caracteres coreanos)

Queen Maker (título em original, impossível acessar em caracteres coreanos)

por Ana Maria Otoni Mesquita

Resenha de série coreana para televisão

Título: Queen Maker (título em original, impossível acessar em caracteres coreanos)

Direção: Oh Jin Suk

Roteirista: Moon Ji Young  e Seo Yi Sook

Elenco principal: Kim Hee Ae, Moon So Ri, Seo Yi Sook e  Ryu Soo Young

Episódios: 11

Lançamento: 2023

Classificação: Suspense e Investigação

 

A Saga de Oh para a Prefeitura de Seul

Por Ana M. Otoni Mesquita

Queen Maker é uma autêntica série de investigação e suspense sobre política, focada nos percalços de uma candidata feminista ao cargo de prefeita de Seul. Ela foge ao padrão romântico, consagrado pelas séries coreanas, mas, igualmente, impacta o telespectador pela qualidade da produção, do enredo, roteiro, ambientação e tudo mais. A série trata de um tema que preocupa a maioria dos países hoje, senão todos, que é a sub-representação das mulheres em cargos eletivos para parlamentos, congressos ou comitês centrais. Estudos apontam que um dos principais obstáculos é a violação de seus direitos, que além da violação em si, representa um risco para as suas vidas. E a Coréia, parece não ser diferente.

Aliás, é o mérito dessa extraordinária indústria cinematográfica coreana, tratar temas, aparentemente distópicos, de maneira surpreendente e cativante. Como na série Previsão do Clima e do Amor, cujo cenário é ambientado no Instituto de Meteorologia e Segurança Pública (atenção à associação!) e seus adoráveis personagens, seus dramas cotidianos, enquanto trata a previsão do tempo em alta tecnologia.

E Queen Maker (Criadora de Rainhas, tradução Livre) não foge à regra. Hwang Do Hee (Kim Hee Ae), uma competente e astuta coordenadora de Planejamento Estratégico de um conglomerado empresarial na Coréia do Sul, o Grupo Eunsung, após passar por várias humilhações ao lidar com os desmandos e crimes cometidos pelos herdeiros e encobertos por ela mesma e pela mandatária Son Young Shim (Seo Yi Sook) da poderosa família. Em certo momento recebe uma missão que a coloca em profundo conflito com suas convicções. Para tentar salvar sua carreira e sobreviver aos poderosos e opressores, ela vai se aproximar de Oh Kyung Sook (Moon So Ri), advogada ativista dos direitos trabalhistas, que organizara protestos contra a demissão injusta de 400 funcionárias, na porta e na cobertura no mais alto prédio de Seul, sede da Eunsung.

Neste movimento, ela percebe o potencial de Oh para a política e sugere a ela candidatar-se ao cargo de prefeita de Seul, desafiando o candidato do poder empresarial e político local, Baek Jae Min (Ryu Soo Young), genro da mandatária Son. Um personagem sedutor, que não mede esforços para dissimular seu comportamento criminoso, desde a prática do estupro e assassinato de uma funcionária, adultério, mentiras convenientes, iludindo as cidadãs e os cidadãos de Seul sobre suas verdadeiras intenções e projetos.  Alegando grande conhecimento dos ditos "podres" do poderoso grupo, Do Hee oferece seus préstimos à Oh, para levá-la ao podium e coroá-la prefeita.

O Cenário principal é a capital da Coréia do Sul e as disputas por territórios ocupados por pequenos comerciantes que lutam contra a especulação imobiliária do Grupo Eunsung, que almeja expandir seus negócios e domínio. O momento é o tempo presente de um processo eleitoral feito para durar 80 dias, e estes são os personagens principais do cenário das próximas eleições para prefeitura.

Nos 11 (onze) episódios da série assassinatos, traições, suicídios e muita perfídia de bastidores, em contraste com a transparência de propostas e estratégias da destemida Oh Kyung na luta pelos direitos de cidadãs e cidadãos da capital coreana.

Tendo como pano de fundo a questão da moralidade, ou seja, a prática do certo e do errado na vida e na política, Do-Hee e Oh Kyung, revelam os malfeitos das candidaturas adversárias, tentando manter a disputa no nível fático, sem recorrer à construção de notícias falsas, com apoio da mídia local. Fato é, que Oh Kyung-Sook sai na frente neste quesito. Com história profissional de ativista dos direitos humanos, casada com um poeta e escritor tem uma situação de vulnerabilidade no filho adolescente, que revoltado com as agressões que a mãe vem sofrendo ao longo do processo eleitoral, se envolve numa briga que lhe vale o estigma de arruaceiro e divulgador de pornografia via internet. A campanha de Oh, mantem a estratégia de cumprir os ritos oficiais da justiça, para provar a inocência do jovem.

Entretanto, a questão financeira é o ponto vulnerável da campanha de Oh, que Do-Hee dá nó em pingo d'água para sanar, não sem cometer alguns pecados de percurso.

Ficam as perguntas: vale tudo para ganhar uma eleição? Se as candidaturas de mulheres podem, de verdade, representar uma nova maneira de fazer política? Se é verdade, nas sociedades em que a mídia comercial passa todo tempo bradando a corrupção na política, porque será que pouco apoiam as candidaturas femininas ao podium? Não estariam os modelos e as fórmulas, equivocados?

A série QueenMaker, tenta dar algumas dessas respostas e, como um bom thriller, com muita emoção e suspense.

Ana Maria Otoni Mesquita

Natural do Rio de Janeiro, antes de realizar o curso de Formação de Escritores na Editora Metamorfose, foi Psicóloga Clínica e funcionária Pública da Saúde Estadual do RJ, com doutorado em Ciências pela Ensp-Fiocruz. Desde 2024 mora em Brasília e realiza sua produção profissonal online.

Publicou contos nas coletâneas são "As vidas que ninguém vê" e "Crianças Pequenas". Tem um gosto especial por escrever resenhas sobre séries coreanas e publicou algumas na Revista Intertelas, sobre assuntos dos países asiáticos com destaque para Irei quando o tempo estiver bom, que foi publicada, igualmente, na plataforma da Metamorfose. 

 

 

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